Desde 1998 celebra-se a 28 de Julho, em Portugal, o Dia Nacional da Conservação da Natureza. Este dia foi criado com o intuito de chamar a atenção dos cidadãos para a importância da natureza e para os problemas de conservação existentes.
Se imaginarmos as ilhas dos Açores no seu estado selvático e natural, tal como foram encontradas pelos primeiros povoadores e tentarmos estabelecer uma comparação com o seu estado actual, facilmente concluiremos que poucos são os locais onde a natureza permaneceu conservada.
A acção do Homem, do povoamento aos dias de hoje, transformou severamente grande parte do território das ilhas, restringindo hoje as áreas naturais a contextos muito reduzidos. O Pico da Vara, na ilha de São Miguel, a Caldeira, na ilha do Faial, a Montanha do Pico, são alguns dos locais onde se podem constatar uma envolvência natural bastante próxima da anterior ao povoamento.
No entanto, estes núcleos de conservação não são mais que os restos de território que o Homem não conseguiu transformar, a bem da sua rentabilidade económica. As dificuldades encontradas permitem, hoje, termos ainda locais onde se pode observar a dominância de habitats e ecossistemas muito próximo da sua originalidade.
No Dia Nacional da Conservação da Natureza convém lembrar que as ilhas dos Açores, pelas suas características de dimensão e isolamento, apresentam grande sensibilidade ecológica, podendo uma pequena alteração ambiental provocar significativas mudanças.
Face à acção humana que durante séculos introduziu diversos desequilíbrios ambientais nas áreas protegidas, como as plantas invasoras ou práticas florestais inadequadas, é premente apostar na conservação e requalificação destes locais. Para tal urge um planeamento territorial adequado através da realização de planos de ordenamento e planos de gestão para as áreas naturais que regulamentem, com força de lei, o uso destes territórios.
Uma vez que o património natural é bem público e que todos contribuiremos para a sua gestão, o planeamento territorial não deverá ser um instrumento exclusivo das autoridades governamentais, mas sim de todas as cidadãs e cidadãos, devendo estes ser envolvidos para sua cooperação e capacitação nos processos de planeamento.