Dada a morfologia acidentada da ilha de São Miguel a construção de infra-estruturas viárias de alta velocidade (como as SCUT) pela sua configuração e extensão têm impactes ambientais e territoriais negativos, podendo alguns serem considerados admissíveis e outros inaceitáveis pelas populações.
Um dos principais impactes negativos associados à construção destas vias é a afectação dos solos, através da realização de escavações e a deposição de terras sobrantes, que caso não sejam prevenidos os valores ambientais, podem provocar impactes negativos bastante significativos.
Seria fundamental que, através da utilização da movimentação de terras, fossem compensados os impactes negativos ambientais da construção das SCUT. Este deveria ser um princípio a consagrar, aplicando os respectivos custos actuais como investimento em benefícios futuros.
Terras provenientes da decapagem dos solos e escavações, deveriam, sempre que possível, ser utilizadas para corrigir outras situações que apresentem degradação ambiental ou impactos negativos no ambiente, mesmo que causados por outras intervenções não associadas à construção das SCUT. Desde aterros de resíduos inertes, pedreiras com necessidade de recuperação paisagística ou outras escavações, são diversos os locais onde os materiais agora sobrantes poderiam ser aplicados para melhorar o respectivo enquadramento ambiental. Poderiam ser, inclusive, criadas reservas em locais apropriados, que poderiam ser posteriormente utilizadas em trabalhos futuros.
Por se tratarem de milhões de metros cúbicos de terras de cobertura, os locais para a sua deposição deveriam, também, ter sido alvo de localização nos Estudos de Impacte Ambiental.
Não é esta a situação que se passa, actualmente, no desenvolvimento das SCUT na ilha de São Miguel, na qual estão os locais para colocação dos depósitos de terras sobrantes estão a ser equacionados simultaneamente com o desenvolvimento da obra, atendendo sempre a políticas de menores custos de transporte em detrimento da geração de efeitos de compensação ambiental.
Aos Amigos dos Açores – Associação Ecológica têm conhecimento que está a ser equacionada a deposição de aterros das SCUT em terrenos com aptidão agrícola. Em locais próximos do troço Vila Franca-Lagoa a Associação tem, inclusive, recebido denúncias do interesse de deposição de terras em linhas de água, o que constituiria impactes ambientais muito negativos.
Os Amigos dos Açores – Associação Ecológica alertam para o facto de ser necessária a adopção de medidas de minimização dos impactes negativos decorrentes da construção das SCUT, evitando assim, que sejam cometidos danos ambientais desnecessários. No caso das movimentações de terras podem existir efeitos compensadores como os referidos, a bem de uma construção mais sustentável que a que presenciamos actualmente.